sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Coraline


 "Contos de fadas são a pura verdade:
não porque nos contam que os dragões existem,
 mas porque nos contam que eles podem ser vencidos."
                                                          G. K. Chersterton

Neil Gaiman, escritor britânico conhecidos por seus trabalhos em quadrinhos, ganhou no cinema versões de algumas de suas histórias, como Stardust - O Mistério da Estrela e mais recentemente, a animação stop-motion dirigida por Henry Selick, baseada em seu livro publicado em 2002, Coraline.

Sinopse: Coraline descobre uma passagem secreta na casa para onde se mudou há poucos dias. Ela dá acesso a um lugar muito parecido com o de onde veio, possuindo inclusive uma outra mãe e um outro pai levemente semelhantes aos verdadeiros. Sua outra mãe tenta fazer com que Coraline fique com ela ali, para sempre, mas a garota percebe que a proposta não possui as melhores intenções e inicia uma jornada em busca da sua liberdade, de outras crianças aprisionadas e de seus pais verdadeiros, que sumiram.

Coraline é um livro infantil, fato. Apesar de todo o clima sombrio que envolve a história, a maneira simples como ela se desenvolve deixa bastante claro qual seu público alvo. Porém, mesmo não fazendo uso de diálogos longos ou complexos, Neil Gaiman apresenta uma ótima obra de suspense e entretenimento.

Torna-se inevitável prosseguir com algum comentário sobre o livro sem citar o filme de 2009. A cada página que lia, retornava à minha mente cenas da animação homônima (que merece um comentário próprio numa outra ocasião). Levando-me a perceber que possuem sentidos diferentes. Enquanto o filme permite abordagens aparentemente mais sérias e distintas, o livro se resume praticamente sobre o que se tem e o que se deseja ter. Não chega a ser um defeito. Apenas aumentou minha admiração pela adaptação.


Destaque para os ótimos personagens que permeiam a história e a brilhante ideia de os outros humanos do lugar que Coraline encontrou possuírem olhos de botões. Sendo inclusive o primeiro passo da outra mãe, costurar os olhos de Coraline com botões a fim de possuí-la. Mesmo sendo algo aparentemente insignificante, dão um ar muito mais amedrontador e marcante à obra.

Coraline é uma ótima opção para quem deseja uma leitura despretensiosa e/ou curte uma boa história sombria bem conduzida com ótimas pitadas de suspense. Só não aconselho a ler à noite, ainda mais se estiver sozinho(a) ou for o único(a) acordado em casa. Dá medo.

Nota: 7,5

- Ficha Técnica -

Título: Coraline
Título em Português: Coraline
Autor: Neil Gaiman
Publicação: 2002
País de Origem: Reino Unido / Estados Unidos da América


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Foi Apenas Um Sonho


"Muita gente percebe o vazio, mas é preciso coragem para ver a falta de esperança."

A primeira vez que conferi o filme, no calor das premiações como Globo de Ouro e Oscar, no início de 2009, o achei péssimo. Com, no máximo, uma estética bonitinha e atuações legais. Principalmente depois de ter visto O Leitor, o qual me agradou um pouco mais. Quase dois anos depois me dispus a vê-lo novamente e levei um tiro na alma. 

Sinopse: Frank e April, recém casados, decidem ir morar na Revolutionary Road. Passam a habitar o que seria a casa de seus sonhos. Aos poucos começam a perceber que seus sonhos e aspirações haviam sido constantemente deixados para trás, ao priozarem a imagem de uma família estável, gerando uma sucessão de discussões e desentendimentos.


Apesar de todas as outras qualidades do filme, como direção de arte, fotografia e figurino, o grande trunfo são Leonardo Di Caprio e Kate Winslet nos papeis principais. Pela primeira vez juntos após o estrondoso sucesso de Titanic, mostram (mais uma vez) em Foi Apenas Um Sonho que são muito mais que rostinho bonito. Kate, em especial, é quem guia o filme com sua personagem de personalidade extremamente forte. Um furacão de mulher!

É comum ver nos filmes, mesmo nos que se passam em tempos atuais,  a mulher como objeto ou sombra de alguém ou alguma situação. Aqui, April é a principal responsável por todas as escolhas do casal. Ainda que seu marido não acate algumas de suas ideias, prossegue com elas do mesmo jeito. Frank, por sua vez, é um homem extremamente sensível que sabe o que quer mas prefere acreditar que não sabe optando pela vida cômoda e profissão que odeia. Faz também suas escolhas, mas sempre em função de sua mulher, inclusive traí-la.


Um tiro na alma. É o que este filme é. Totalmente nu e cru, nos mostra as ambições de cada lado do casal protagonista e o quanto sentiam-se frustrados. Essas e outras conclusões começam a ficar mais óbvias depois das visitas de John Givings, recém saído do Hospital Psiquiátrico, ao casal. Filho da moça que vendeu-lhes a casa (muito bem interpretada por Kathy Bates), atira uma série de pensamentos sobre o que o casal realmente pensa, deseja e vive. Enquanto os outros personagens optam por uma vida de ilusões, aquele que é considerado como insano, se mostra bastante consciente da realidade.

Foi Apenas Um Sonho promove de maneira bastante eficiente uma avaliação sobre a aparência da sua vida e do mundo que está a sua volta - e o que por há por trás das aparências. Faz repensar atitudes e analisar o motivo delas terem sido tomadas. Sem dúvidas, um ótimo exemplar para estudo das relações humanas.

Nota: 8,5

- Ficha Técnica -

Título: Revolutionary Road
Título em Português: Foi Apenas Um Sonho
Direção: Sam Mendes
Roteiro: Justin Haythe baseado em livro de Richard Yates
Lançamento: 2008
País de Origem: Estados Unidos da América 

domingo, 12 de dezembro de 2010

Que Loucura!


"A loucura é relativa.
Quem pode definir o que é verdadeiramente são ou insano?"

Woody Allen, cineasta dos Estados Unidos, famoso por seus filmes neuróticos e analíticos, publicou em 1980 o livo Side Effects, intitulado aqui no Brasil de Que Loucura!, que reúne contos que misturam humor e psicanálise, sua marca registrada.

A única palavra capaz de definir este livro é "loucura". Esse adjetivo permeia todas as páginas. Totalizando 16 contos, Que Loucura! pode não parecer tão atrativo em alguns momentos devido às inúmeras referências a lugares e personalidades presente na cultura estadunidense, e não na brasileira. Ainda assim o livro consegue entreter e provocar boas risadas.

Sendo algumas histórias mais interessantes que as outras, a obra começa muito bem com "Retribuição", recheado de situações e reviravoltas, fala sobre um homem que se relaciona com uma jovem e bela moça mas que acaba se apaixonando pela mãe dela. Encontra-se também os metafísicos "Na Pele de Sócrates" onde o autor relata um sonho em que ele, como se fosse Sócrates, está sendo acusado pelo Senado grego e "O caso Kugelmas" (que ganhou o prêmio Henry de 1978), onde o personagem do título afim de "acrescentar um pouco mais de exotismo à sua vida", começa a ter um caso amoroso com a protagonista do livro "Madame Bovary".


Todos os contos de uma maneira ou de outra me fizeram rir. Destaco "A Pergunta", onde um agricultor pergunta ao presidente dos EUA, Abraham Lincoln "Qual o comprimento ideal das pernas de um homem", e este reponde-lhe de maneira sarcástica: "O ideal para que cheguem ao chão". Ambos, mais tarde, se arrependem do que disseram.

Infelizmente o livro não termina com toda a agilidade e dinamismo que começa. "Ópio das Massas", escolhido para concluir, é cheio de referências culinárias, com um vocabulário próprio do tema, sendo totalmente desconhecido a mim. Contudo, ainda diverte com, por exemplo, a discussão entre o crítico culinário e o leitor da crítca sobre como seria a equação para definir o spaghetti consumido num restaurante de massas.

Que Loucura! é um livro rápido e engraçado que acaba nos fazendo refletir sobre diversas passagens do cotidiano que costumam passando despercebidas. Embora tenha visto apenas dois filmes do autor, asseguro que é possível encontrar muito de Woody Allen neste divertido livro.

- Ficha Técnica -

Título: Side Effects
Título em Português: Que Loucura!
Autor: Woody Allen
Publicação: 1980
País de Origem: Estados Unidos da América

História do Natal Digital

Todo ano o mundo ocidental, próximo ao mês de Dezembro, prepara-se para uma das grandes festas do Cristianismo, o Natal. Baseado nos relatos encontrados na Bíblia já foram feitas diversas adaptações  em forma de filmes, espetáculos teatrais e etc. Recentemente começou a circular na Internet mais uma adaptação. Um interessante vídeo mostra como seria história do nascimento de Jesus se ocorresse nos tempos atuais. Confira-o abaixo!